terça-feira, 23 de março de 2010

A insustentável leveza de não ser (e não saber...)


Eu te digo que você não me conhece
Você pisca, toma um gole da cerveja e me diz "Querida, eu nunca quis saber de tudo."
E eu fico indignada
Acho pouco
Acho torto
Acho que almas gêmeas de verdade terminam as frases uns dos outros
Sabem de tudo
Todos os detalhes
Todos os desejos
Tudo o que eu mais gosto
E você, sem perder a calma, olha pra mim e replica
"O que eu sei sobre você já me basta, não quero explicações, reflexões e conclusões.
Não preciso saber que você vai dizer sim ou não, ou vai escolher esquerda ou direita pra saber se tá tudo certo.
Quando você chega perto, eu quero você mais perto,
Quando você fica longe eu quero ir te buscar no mesmo minuto.
Quando você me irrita, eu quero te afogar na pia
mas depois beijo a ponta do seu nariz,
e penso que é assim que tem que ser.
E só isso me basta."
E eu acho que sou boba
Te dou um sorriso meio de canto
E penso na vida do seu lado
E só isso me basta.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Fúria

Debaixo de uma fina camada de verniz
Você se esconde
Em outras esquinas, outros lugares
Num boteco com mesas e cadeiras de plástico
Te convenço que é tudo de mentira
Te convenço que o verde é azul
E que não há nada melhor do que o amanhã
Você concorda
Balança cabeça para dar ênfase
Cita a lógica da semiótica da psicanálise antropológica
baseado num modelo de sociedade primitiva
Pra me dizer que, na verdade
Estamos todos ficando loucos

E eu te respondo, meu querido
Que a vida é melhor quando fazemos perguntas
Do que quando encontramos respostas

Mas isso é papo pra outro dia