quinta-feira, 30 de abril de 2009

Esquece e vai sorrir (Ludov)


Deixa eu te provar
Toda a mágica
E modificar essa história
Pois se eu não consigo ser
Simplesmente um bom amigo
É porque nem mal amigo eu posso ser
Deixa eu te provar
Não há lógica
Negligenciar toda a tática
E calar, pro nosso bem
Tudo aquilo que convém dizer
Quando eu entregar as flores pra você
Vai passar
E você nem vai lembrar
Vai passar, tudo passa
Vai passar
Pense em mim quando acabar
Vai passar, tudo passa
Deixa eu te provar
Uma lágrima
Pode derramar da memória
E trazer consigo as dores
De quem teve amores como eu
E não foi capaz de compreender
O que aconteceu
Vai passar
Tudo um dia há de acabar
Vai passar, tudo passa
Vai passar
E enfim, pra terminar
Vai sorrir e achar graça
Vai sorrir
E achar graça

domingo, 26 de abril de 2009

Sinestesia anestésica


E como menina ela correu pelas ruas, os pés batendo suavemente no cimento. Mas já não é mais uma menina. As ruas escuras e sujas, o cabelo cheira a cigarro, o esmalte vermelho descascado, o tênis surrado. O rímel que desce pelo rosto manchado de lágrimas que ela jurou que não ia derrubar. Não ia chorar, não podia chorar. Não mais. Não na frente dele. Mas as malditas insistiam em queimar. Então correu. Porque podia correr, e porque não podia mais suportar. O silêncio. A falta. O fim. Não podia suportar o fim.

Não é que não soubesse. Que não tivesse sentido. A falta de palavras. A falta de sentido. Os gestos vazios. A distância. A merda da distância que só aumentava. Mas não podia dizer. Não queria o fim. Mas o fim foi tudo o que restou. Foi então que ela correu.

Correu porque tinha que ir. Fugir. Porque não tinha motivo para voltar. Porque não tinha ninguém. E não se sentia ninguém.

Mas era. Só não sabia. Só não queria saber.

Sentou na calçada. Brincou com o gato. Perdido e sujo. Roeu as unhas. Acendeu um cigarro. Acendeu outro cigarro. Era um dia cinza. Ela odiava o calor nos dias tristes. Como se o universo tivesse de se aliar à sua melancolia. Sentiu-se melhor pelo dia ser cinza. Mexeu com o furo na meia. Pensou em ir embora. Não foi. Roeu mais as unhas. Sentiu frio. Acendeu mais um cigarro. Levantou-se.

O som de seus próprios passos a acalmava. Enquanto tivesse de andar, não precisava sentir. Mas sabia que um dia ia ter que parar de andar. Só não sabia como ia parar de sentir. Subiu as escadas. O pulso acelerado. Os olhos secos. As mãos no bolso. Colocou os cabelos atrás da orelha. A mão na maçaneta. Tirou. Colocou de novo. Abriu a porta. Ele já tinha saído. Ido embora. Na parede, um rabisco. Caneta preta. A letra dele. A música, não.

Meu amor, foi bom tentar, foi por um triz.

E tudo o que ela conseguiu pensar foi: Maldito, nem em uma hora como essa você consegue bolar palavras próprias pra dizer?

Realmente não há mais o que dizer. O que fazer. Faltam palavras. Faltam maneiras.

Mas ela já não precisa correr.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Pequenas epifanias


Coisas que devo lembrar...

- Todos se sentem, em agum momento, da mesma forma, só que não ao mesmo tempo.
- As pessoas são imprevisíveis.
- Deixar aconteceré melhor do que manter o controle.
- Nada, absolutamente NADA de bom pode vir de pensar demais.



Vá agora, e viva.

Experimente. Sonhe. Arrisque. Feche os olhos e pule. Aproveite a queda livre. Escolha a adrenalina ao invés do conforto. Escolha a mágica ao invés de predictabilidade. Escolha o potencial ao invés da segurança. Acorde para a mágica da vida a cada dia. Faça amigos usando apenas a sua intuição. Descubra a beleza no que é incerto. Confie no seu taco. Saiba exatamente quem você é antes de fazer promessas a outras pessoas. Cometa milhõe de erros para que você realmente saiba escolher quando realmente precisar. Saiba quando é hora de persistir e quando é hora de esquecer. Ame intensamente, frequentemente e sem reservas. Busque o conhecimento. Abra-se para possibilidades. Mantenha seu coração aberto, sua cabeça levantada e seu espírito livre. Abrace a sua escuridão junto à sua luz. Esteja errado de vez em quando, e não tenha medo de admitir. Acorde para a genialidade de momentos cotidianos. Diga a verdade sobre si mesmo a qualquer custo. Seja dono de sua própria realidade sem pedir desculpas. Seja ousado. Seja corajoso. Seja grato. Seja selvagem, louco e gloriosamente livre. Seja você.

Vá agora, e viva.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

A beleza do que existe


Já cansei de ser o pierrot.


E num abrir de braços, ao abraçar tudo aquilo que é meu mas não me pertence, quero sentir o sabor da escolha. De escolher ser viva. De aceitar que amo, sofro, sinto e não calo. E não calo. Não calo.


Um dia, você há de abrir os olhos, e ver tudo assim. As matizes de cinza, o vermelho berrante, a turquesa no azul. Não como deveria ser. Mas como é. A beleza do que existe. E perceber que as sombras fazem seu papel. Elas me escondem quando eu já não posso mais fugir de mim. Elas me oferecem abrigo. Mas não são as sombras que me fazem viva. Proteger-se é impedir-se de sentir. E eu cansei dos meus próprios obstáculos. Não vou ser escrava das minhas próprias sombras.


Quero na vida o que existe, da forma como vier. Não há porque esperar por conclusões, ou uma moral da história. Não há conclusões na vida. Apenas interpretações.


E é por isso que vale a pena.