quarta-feira, 19 de maio de 2010

Um dia perfeito (a noite que nunca acaba)


Meus pés doem de usar esse salto
Eu sinto que digo tudo na hora errada
Eu queria mesmo era pegar na sua mão
E sair correndo até  o lugar
onde a noite não significa mais nada
Me trancar contigo num palácio,
Num barraco, no quarto ou na sala
E ter comigo, tudo o que basta
Você, discos velhos, e uma garrafa de vinho barata

Só você entende a falta de sentido
E o porquê eu só durmo
com as portas do armário fechadas
Seu rosto reflete a curiosidade
a incredulidade
e a ternura em relação às minhas tendências piradas

E quando eu meter os pés pelas mãos
Mais uma vez amor, entenda a cilada
É que eu não sei amar pouco
Não sei amar outro
E quero você até o dia
em que a minha pele estiver toda enrugada








domingo, 9 de maio de 2010

Nem eu, nem você


E eu que queria ser inteira
única e perfeita
Ao invés de pedaçoes espalhados
Fragmentos, estilhaços por todo o lado
Refletindo tudo em minha volta, menos a mim
Eu já não conheço mais o meu reflexo

E eu vou sair de casa
E eu vou andar pelas ruas
E vou sorrir na hora certa
E vou me distrair na hora errada
E vou ver além de tudo
Ao mesmoo tempo em que não enxergo nada
"Sim!" "Não!" "Oh, mas é claro que eu gostaria."

Eu queria mesmo era trombar com alguém
Alguém assim, imperfeito como eu
Alguém que visse o Eu
Não o reflexo projetado
Uma sessão de cinema de um filme mudo e danificado
Pelo tempo
Pelas horas
Pelo coração que se parte
A cada dia
Para no seguinte se remendar

Stop, play, forward, rewind. Stop, play, forward, rewind.

Eu já não conheço mais o meu reflexo