segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Clara


Ela gosta de lugares vazios
De dias cinzas
De paredes sem reboco e tinta
De verdades nuas e cruas
O som de unhas arranhando o quadro negro
Mantém os cabelos sobre a face
As sobrancelhas arqueadas
Selvagem
Intimidante
Unhas pintadas de preto
Bebe uísque duplo sem gelo
Como poucas
Como outras
Ainda assim, como mais ninguém

O nome é Clara
Uma leve ironia,
A subjetividade do destino
Nunca pôde ser donzela
Nunca pôde ser indefesa
A vida tornou impossível
Sonhar leves sonhos de papel
Sem que a água
Doce, pura e cristalina
Desfaça suavemente
A ilusão que se criou

Clara, seja forte
A vida é um jogo
O mundo um bueiro
Clara, minha cara
Não impeça as paredes de ruírem
Pesadas
Ásperas
Abrace o caos
E sinta na pele
O peso da escolha
De ser o que os outros não são
Indefinida
Indomável
e livre dos outros
mas prisioneira de si

Nenhum comentário: