sexta-feira, 24 de julho de 2009

Lembranças e um maço de cigarros


E o que você fará agora?

Vai dançar na chuva descalço?
Beber vinho barato na calçada?
Inventar um sonho novo?
Ler o mesmo livro pela décima vez?
Gritar até a garganta doer?

Vai querer estar sozinho?
Vai chorar por estar sozinho?
Vai lembrar da infância
e pensar que foram os melhores dias?

Vai encontrar os amigos
e rir até a barriga doer?
Vai olhar pra trás
e achar que está mais sábio?
Vai pensar em mim
e achar que valeu a pena?

Vai sorrir de leve
Fechar os olhos por um segundo
E mais uma vez
Só mais uma vez
pela última vez
Me diga, vai pensar em mim?

E eu, o que vou fazer?
Não sei
Talvez eu vá embora
Carregando comigo lembranças
E um maço de cigarros
Pra lembrar da vida que tem fim
Mas nunca acaba



sexta-feira, 10 de julho de 2009

O tênue (a sentença)


Nunca pensei no nascer do sol. Em ficar sentada admirando o momento em que ele surge. Nunca pensei em muitas coisas, na verdade.
E a verdade, é que eu quase não penso mais em você. Quase.
Eu só penso no quase.
No dia em que eu quase disse não.
O dia em que eu quase disse sim.
O dia em que eu podia ter saído, mas fiquei em casa.
O dia em que eu podia ter escolhido o caminho mais longo, e cortei pelo atalho.
O dia em que eu desisti de tudo.
O dia em que eu decidi que não valia a pena.
Que ia passar.
Que tinha que passar.
Não é que me atormente.
Eu sei que fiz o que pude com o que eu não podia saber.
Mas é o quase que me mata um pouco
Que leva um pedacinho
Um quase pedacinho
Pra longe
Porque foi quase
Por um triz
Você não me fez feliz
E vice-versa