terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Conclusões de um carnaval inexistente



Alguns copos
Alguns amigos
Risadas, mais copos
Ela se agarra à ilusão de estar livre
De amarras
De palavras
De sentimentos
Ela parece não sentir nada
Nada parece poder atingi-la


Suas atitudes extremas
Pensamentos reprimidos
Suas frases perfeitas
O humor ácido
O álcool e a ironia
Suas duas armas favoritas
O contexto do pretexto
A tal da diversão sem fim
E uma armadura de ferro disfarçada de cetim


Em um desses dias
Ela se viu sozinha
Paredes nuas
Verdades cruas
As unhas roídas
A verdade inegável


Ela não é de de aço
Ela não é de ferro
Ela tem medo
E sente a falta de sentir

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

A realidade nas coisas







Adoro o som de passos na calçada. Me encanta a sinfonia cinzenta das ruas. As luzes que acendem, apagam. A cidade que não dorme. As paredes descascadas. Cerveja no copo de plástico.




E eu sinto que estou viva. No meio de todo o concreto, eu sinto que a vida fervilha a cada minuto. Há milhões de pessoas, lugares, visão, audição, tato, tudo à espera até dos mais desavisados. Todas as oportunidades. Todas as possibilidades.




Basta dizer sim.




E mergulhar no infinito.


segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Indagações e monólogos de uma segunda-feira


Hoje é um dia irrequieto.
Acordei esperando o impossível, sonhando com o inexprimível e querendo o intocável. Hoje não consegui construir o muro que me cerca e protege da chuva, dos ventos e outras intempéries. Abandonei os espinhos e deixei de lado a minha máscara.
O tempo corre, a vida passa, e de tempos em tempos eu me vejo assim, incapaz de fingir. De fugir. De não ser e não sentir. Em dias assim, não espero nada. Mas sonho. E meus pés se recusam a tocar o chão.
Dias assim passam. E eu volto ao meu chão.
Mas o mundo nunca me parece tão colorido e amargo quanto nesses dias irrequietos.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Diversos Singulares


Você olha pro lado, e está todo mundo ali. Dezenas, centenas de pessoas. Algumas você já deve ter visto diversas vezes. Mas nem percebeu. E, pra você, elas não são NIGUÉM. E você não significa nada para elas também. No banco. No metrô. No bar. Todos aqueles estranhos partilhando a sua realidade. Peraí, a SUA realidade?
Você já parou e se perguntou o quanto essas pessoas poderam significar pra você, caso elas fizessem parte da sua vida?
Você já imaginou tudo o que aquela pessoa que acabou de passar por você já viveu? O tanto que você poderia aprender com ela? O quanto que ela poderia aprender com você? Vocês poderiam ser grandes amigos. Amantes. Inimigos. Vizinhos. Mas ela só te pede licença, e você sai do caminho.
É estranho. É interessante. É esquisito.
Às vezes me bate essa consciência de que o centro do mundo não sou eu.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Garota do Pôster


A sua imagem
A minha imagem
A sua imagem de mim
A sua imagem à minha imagem
A minha imagem de ti

Suspiros
Lágrimas
E o fim

A sua imagem
A minha imagem
A sua imagem de mim
A sua imagem à minha imagem
A minha imagem de ti

Um sonho
A realidade
A ilusão que se desintegrou

A sua imagem
A minha imagem
E tudo o que o tempo apagou

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Crises existenciais de domingo à noite...


"- Você sabe o que eu quero ser? - perguntei a ela. Sabe o que é que eu queria ser? Se pudesse fazer a merda da escolha?" Seja lá como for, fico imaginando uma porção de garotinhos brincando de alguma coisa num baita campo de centeio e tudo... E eu fico na beirada de um precipicio maluco. Sabe o que eu tenho de fazer? Tenho que agarrar todo mundo que vai cair no abismo. Quer dizer, se um deles começar a correr sem olhar onde está indo, eu tenho que aparecer de algum canto e agarrar o garoto. Só isso que eu ia fazer o dia todo. Ia ser o apanhador no campo de centeio." (J.D Salinger - O apanhador no campo de centeio)

As vezes a gente sente essa falta de algo que a gente sabe que nunca esteve lá. As vezes, a gente sente uma frustração enorme com o caminho que a gente mesmo escolheu. Olha para a sua vida. Eu olho para a minha, e sinto vontade de sair correndo. Sabe "Run, Forrest, run" e toda essa merda? Eu tenho vontade de fazer isso. Não porque eu odeie a minha vida, ou algo do tipo. Não é algo "oh, ela só quer atenção" ou, "dê-lhe-um-tanque-de-roupas-para-lavar-que-o-problema-está-resolvido". Eu só sinto como se... não fosse o bastante. Como se tudo isso fosse muito pouco. Quero dizer, de todas, TODAS as coisas que você poderia escolher fazer na sua vida, ISSO é o que você realmente teria escolhido? É isso que eu me pergunto. É isso que eu não consigo tirar da cabeça.

Não é a forma mais pragmática de pensar. Aliás, pensar raramente é algo pragmático. Principalmente se você, como eu, for alguém que pensa demais. Quer dizer, você pensa, pensa, pensa, e as coisas continuam iguais. Você sempre acha mais perguntas do que respostas.

E aí alguém chega e te diz que "tudo tem um motivo", e que "tudo dará certo no final". Quer dizer, ninguém conhece o final, muitas vezes sequer EXISTE um final, pelo menos da forma que o entendemos nos livros e filmes e histórias. Quantas vezes você viu o cara sair correndo atrás da mocinha e alcançá-la antes de que ela embarcasse no avião? Na maioria das vezes,a mocinha pegou o avião enquanto o cara ficou em casa lambendo as próprias feridas, com o orgulho ferido. Ou vice-versa. Não é uma questão de sexo. É uma questão de HUMANIDADE. A humanidade não sabe lidar com si mesma. Ela complica o que não precisaria ser complicado. Por quê? Porque ela pensa. E pensar é complicar.

E não é que eu seja contra toda essa história de pensar . Não sou a favor de uma sociedade ainda mais IGNORANTE do que a que já temos. É o bastante. Só estou dizendo que pensar machuca.

E que as vezes tudo o que seria necessário, para mim, é um sono de umas 2 semanas. Ou um seletor de memória. Tipo o capacete de Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças, saca? Eu queria apagar algumas lembranças. Mesmo porque, hoje sinto minha cabeça cheia demais de pensamentos. E se tem um lugar que não dá pra fugir, é da sua própria cabeça.

Eu só queria um botão de pause, fast forward e rewind. Acho que um de mute também não seria uma má idéia.

Eu odeio domingos.


sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

O teu dom de se esconder de mim só é menor que o meu de não te achar


Pensamentos aleatórios, egotistas e fantasiosos sobre a rejeição, paranóia e outras patologias.

Na verdade, eu não sei se acredito em algo.
Não tenho coragem de ser cética.
E nem força pra acreditar em tudo.
Eu não ouço a minha intuição.

Você nunca está ali.
Só a minha imaginação.
Eu nunca sei o que pensar.
Você nunca sabe o que dizer.
Eu acordo todo dia.
Eu visto a máscara todo dia.
E você não me vê.

Se eu pudesse, faria música.
Se eu pudesse, escrevia um livro.
Se eu pudesse, pinatava quadros.

Mas acordo todo dia.
E você não me vê.


terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Sonâmbula


Não é medo.
Nem falta de coragem.
Muito menos idealização.
Eu não sei ler pensamentos.
Eu não sei sentir pelos outros.
Eu não sei jogar.
Eu não quero jogar.
Não me peça para entender.
Se você me aponta duas direções.
Sua semântica não é a minha.
Seja claro, seja cruel, mas seja exato.
O que enlouquece é a falta de conclusão.
Não a realidade.
Acredite, não estou fugindo dela.
Só você.