domingo, 8 de fevereiro de 2009

Crises existenciais de domingo à noite...


"- Você sabe o que eu quero ser? - perguntei a ela. Sabe o que é que eu queria ser? Se pudesse fazer a merda da escolha?" Seja lá como for, fico imaginando uma porção de garotinhos brincando de alguma coisa num baita campo de centeio e tudo... E eu fico na beirada de um precipicio maluco. Sabe o que eu tenho de fazer? Tenho que agarrar todo mundo que vai cair no abismo. Quer dizer, se um deles começar a correr sem olhar onde está indo, eu tenho que aparecer de algum canto e agarrar o garoto. Só isso que eu ia fazer o dia todo. Ia ser o apanhador no campo de centeio." (J.D Salinger - O apanhador no campo de centeio)

As vezes a gente sente essa falta de algo que a gente sabe que nunca esteve lá. As vezes, a gente sente uma frustração enorme com o caminho que a gente mesmo escolheu. Olha para a sua vida. Eu olho para a minha, e sinto vontade de sair correndo. Sabe "Run, Forrest, run" e toda essa merda? Eu tenho vontade de fazer isso. Não porque eu odeie a minha vida, ou algo do tipo. Não é algo "oh, ela só quer atenção" ou, "dê-lhe-um-tanque-de-roupas-para-lavar-que-o-problema-está-resolvido". Eu só sinto como se... não fosse o bastante. Como se tudo isso fosse muito pouco. Quero dizer, de todas, TODAS as coisas que você poderia escolher fazer na sua vida, ISSO é o que você realmente teria escolhido? É isso que eu me pergunto. É isso que eu não consigo tirar da cabeça.

Não é a forma mais pragmática de pensar. Aliás, pensar raramente é algo pragmático. Principalmente se você, como eu, for alguém que pensa demais. Quer dizer, você pensa, pensa, pensa, e as coisas continuam iguais. Você sempre acha mais perguntas do que respostas.

E aí alguém chega e te diz que "tudo tem um motivo", e que "tudo dará certo no final". Quer dizer, ninguém conhece o final, muitas vezes sequer EXISTE um final, pelo menos da forma que o entendemos nos livros e filmes e histórias. Quantas vezes você viu o cara sair correndo atrás da mocinha e alcançá-la antes de que ela embarcasse no avião? Na maioria das vezes,a mocinha pegou o avião enquanto o cara ficou em casa lambendo as próprias feridas, com o orgulho ferido. Ou vice-versa. Não é uma questão de sexo. É uma questão de HUMANIDADE. A humanidade não sabe lidar com si mesma. Ela complica o que não precisaria ser complicado. Por quê? Porque ela pensa. E pensar é complicar.

E não é que eu seja contra toda essa história de pensar . Não sou a favor de uma sociedade ainda mais IGNORANTE do que a que já temos. É o bastante. Só estou dizendo que pensar machuca.

E que as vezes tudo o que seria necessário, para mim, é um sono de umas 2 semanas. Ou um seletor de memória. Tipo o capacete de Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças, saca? Eu queria apagar algumas lembranças. Mesmo porque, hoje sinto minha cabeça cheia demais de pensamentos. E se tem um lugar que não dá pra fugir, é da sua própria cabeça.

Eu só queria um botão de pause, fast forward e rewind. Acho que um de mute também não seria uma má idéia.

Eu odeio domingos.


Um comentário:

Iara De Dupont disse...

Gostei do teu blog, o texto é legal ! Se puder me visitar, http://sindromemm.blogspot.com